terça-feira, 16 de agosto de 2011

* * * A Pesca dos Teimosos * * *

- Até nem era para ir. Tinha combinado com a minha mulher fazer durante o mês de Agosto umas "coisas" em casa, que vão sempre ficando para trás ao longo do Ano. Foi isto que tinha transmitido ao Nuno Mira e ao João Maria, ou seja... "Não contém comigo em Agosto". Mas o João foi persistente; invocando o feriado nacional em Agosto (15), mais o facto que em Julho também não tinha-mos ido, devido a acontecimentos na vida do João que justificaram plenamente a minha ausência e a dele das jornadas de pesca. O falecimento do pai dia 21 de Julho, inviabilizou a jornada marca para 23 de Julho. Como devem calcular, a disposição não era favorável ao cumprimento do calendário.

- Nestas alturas devemos apoiar os nossos amigos, porque no meio de tanta coisa má, podem precisar de nós, podem precisar de uma palavra, ou seja... podem precisar.... e para isso, os amigos, estão onde devem estar; PRESENTES.

- Sabendo isto, e pela necessidade que certamente sentia em "limpar" a cabeça, convenceu o Ernesto a sair dia 14 de Agosto e a mim também.

- Feita esta pequena introdução justificativa, .... cá vai.

- O João e o Ernesto, combinaram encontrar-mo-nos na Marina , entre as 7h00 e as 7h30 de Domingo, mas o meu amigo João, no que diz respeito à pesca, não tem preguiça para se levantar e então vá de combinar às 4h00 à porta da minha casa. A viagem decorreu em amena cavaqueira até Sines onde chegámos para cima de cedo (6h20).
Era muito cedo relativamente à hora combinada com o Ernesto, mas... teve uma coisa boa; podemos desfrutar da saída daquele pessoal todo, que tal como nós iam à procura de uns peixinhos.

- Uns riam, outros discutiam sobre o material utilizado, outros ligavam aos mestres (MT) a dizerem o local onde se encontravam e o que deviam fazer, uns iam carregados como burros, como se fossem passar uma semana no Mar, outros apenas uma cana, uma sacola e um balde, outros com carrinhos onde transportam todo o material necessário à jornada, enfim, o material utilizado pelos diversos tipo de pescadores desportivos. Todos transportavam no estojo o desejo mais elevado de apanhar peixes... muitos... e grandes!!!!. Seria? É essa incerteza que transforma as jornadas de pesca tão interessantes.
Toda esta azafama contrastava com a acalmia que o Mar apresentava neste dia.
É um cenário que nem sempre temos oportunidade de observar, umas vezes porque também estamos no interior do cenário (e isso dificulta) e outra porque.... mesmo estando de fora, não estamos com a nossa sensibilidade para aí virada.
Ficou a experiência de uma coisa simples da vida que foi devidamente vista. Gostei.

- 7h20. Estava na hora de acordar o "dorminhoco" Ernesto. A tarefa foi executada pela voz "sensual" do João Maria; " Serviço de Despertar, Bom Dia". Passados alguns minutos apareceu , bem disposto como sempre. Os cumprimentos da praxe e "É pá se quiserem vão entrando e montem as canas, que eu vou só ali à pastelaria tomar o pequeno almoço". A Pastelaria dos pastéis de Nata? Perguntei. É essa é, respondeu o Ernesto. Musica para os meus ouvidos, a pesca estava a começar bem. Deixemos as canas para depois e vamos lá então. Estavam maravilhosos como sempre.

- Regresso à  marina e montagem das canas já a bordo do "Makaira". Após esta operação, vá de navegar até ao pesqueiro.
O Ernesto tinha falado "É pá não se tem estado a apanhar nada de jeito, vamos lá a ver o que se consegue fazer.....". Mói-te... pensei. Um pastel de Nata já eu apanhei, o resto.... logo se vê.

- Fundear no pesqueiro com a precisão do Ernesto, seguida de esclarecimento: "Eu tenho só a zona marcada e não o pesqueiro propriamente, por isso temos que procurar". Foi o que fez. Após uns 20 minutos (mais coisa menos coisa) o "Makaira" estava no sitio pretendido. A precisão foi alcançada.

- As iscas utilizadas foram as do costume; Sardinha, Cavala e camarão (pouco).
Começámos então por volta das 9h00 o nosso trabalho. Como sempre iniciou-se o roubo das iscas.
Ao fim de uma hora (talvez), apareceu o primeiro "Carapau" (nada do que se pretendia), marcaram presença também uma ou duas "garoupas da rocha", umas "Bogas" (A comida das "Gaivotas"), até que perto do meio dia, a cana do Ernesto vergou forte. Era peixe grande. O Ernesto iniciou então a luta, mas ao fim de alguns minutos.... piimm, partiu o fio. Passados uns minutos comecei na brincadeira "Estás a ficar nervoso". (Estava a brincar mas a mim e ao João também viria a acontecer o mesmo, ou seja... peixe a partir o fio após alguns minutos de pesada luta).

- A hora estava avançada e peixe de jeito nada. Nisto o Ernesto ferra um parguete

- Poucos minutos depois iniciou nova luta; desta vez à Cabeçada


A coisa estava a aquecer. O Trabalho estava a dar resultados. A cana do parceiro à direita do Ernesto dá também um ar da sua graça.

- O João também tirou 1 dourada, 1 Pargo e 1 Sargo Veado (Obrigado a tirar foto). Mas já não me lembro da ordem.


- Por volta das 17h00 foi a minha vez de iniciar uma luta à cabeçada


- Só pesava 2,8 Kg não era grande coisa, mas ... era o que se podia arranjar.
Perto da 18h00, o regresso ao porto, com a foto do resumo da jornada.




E a má noticia "Não há agua (doce) na marina". O Ernesto ficou bastante aborrecido porque já viram o que é querer lavar o material (canas, carretos) e até o próprio barco, já sem falar na necessidade de um banhinho antes de iniciar o regresso a casa.

- Deixámos o Ernesto nesta situação embaraçosa, mas conscientes que nada podíamos fazer para ajudar o nosso amigo.

Foi assim que terminou mais uma jornada de pesca dos teimosos.

Ps: Estou convencido que a ingestão de pastéis de nata tem influência na captura de peixe.
      Na captura não sei, mas.... aumenta em muito a minha boa disposição.


Boas Pescas e Até Sempre



Toze