sexta-feira, 1 de julho de 2011

* * * Pesca sem Espectativas * * *

- A pesca estava agendada para dia 29-06-2011 no "Makaira" através de email, tinha combinado com o Ernesto, voltar a falar no dia 28-06-2011 para afinar os promenores, ou antes se fosse caso disso.

- No dia 27 por volta das 12h o João Maria, ligou a perguntar; "Como é que está isso da pesca com o Ernesto?" Olha, ainda não está nada confirmado, no entanto, penso que brevemente vamos ter noticias, mas o Windguru apresenta um vento um pouco elevado, e o Ernesto não costuma sair com essas condições; respondi eu.

- Por volta da 15h00, toca o meu telemóvel apresentando no visor um numero desconhecido. Atendi como o faço sempre. Era o Ernesto. A dizer exactamente o que eu tinha transmitido fazia pouco, ao João.

- Com alguma insistência minha, lá acedeu ao pedido (o que os amigos fazem uns pelos outros), mas foi avisando... " É pá... isso é mar cachão, lá fora nem pensar.... só se ficarmos ali pelos pesqueiros mais encostados a terra... podem-se fazer boas pescas nesta altura do ano, se o peixe já estiver encostado.
Olha Ernesto, não estejas preocupado.Respondi : eu e o João Maria só queremos espairecer.... comer um pastel de nata e o resto logo se vê.

Após esta pressão, e com um espírito aberto, esperando um dia de convívio entre a  brisa marítima, o Makaira e... nós... é claro, ficou agendada a comparência na marina por volta das 7h30 8h00.

- Cumprimos o horário escrupulosamente (como sempre). Andava o Ernesto a passear ao pé dos portões da Marina, certamente a desfrutar da paisagem, do cheiro do mar, esperando a chegada dos companheiros de jornada.

- Após os cumprimentos normais, perguntei: "Então, vamos buscar as iscas?", não, já está tudo tratado, respondeu. Vamos carregar as coisas para o barco e... vamos embora. Olha, o meu pastel de nata já se foi (pensei eu). Como já tinha comido um em Alcácer do Sal, também não era grave.

- Após esta conversa (fiada) vamos ao que interessa.

- Procura de pesqueiro ( o mesmo dos ingleses) , ver se havia actividade, ver a deriva do barco.... tudo visto ..... ferro para baixo.... ajeita-te... espera mais um pouco.... já está.

Acção de pesca.

Lá começaram a comer... muito lentamente.. ao fim de... não sei bem, talvez uma meia hora sai o primeiro parguete ( não chegava ao Kg e por isso sem direito a foto).
O pesqueiro foi mantendo a actividade durante todo o dia de forma a não permitir a mudança de local.
Foi-se tirando uns carapaus, uns sarguinhos 2 sargos veados como o do João (que se mostra).

- Foi evoluindo ao logo do dia, entraram mais um ou dois parguetes, até que por volta das 14h30 o mar começou a ficar um pouco mais agitado, a dificultar a acção de pesca, e decidimos; vamos mandar as iscas mais uma vez e quando vier para cima, vamos embora.

- Olhei para o tabuleiro das iscas, estava um camarão e umas postas de sardinha, vá de iscar, sardinha no anzol de cima e o camarão inteiro no debaixo. Mal as iscas chegaram ao fundo, vi o vibrar muito subtil da ponteira, tentei a ferragem, consegui. Senti o peixe, primeiro parecia colado ao fundo !!... (houve quem disse-se "isso é o fundo"), depois uns safanões valentes e começou a oposição de vontades; o peixe queria ir para o fundo, eu queria que ele viesse para cima. Leva fio... recupera fio... os companheiros perceberam que se tratava de um bom exemplar e começaram a fazer tudo para ajudar: O João levantou a cana (não fosse o animal enrolar-se na pesca dele). O Ernesto de chalavar em punho.... a quem eu perguntava; estou a fazer tudo bem? Estás pá...continua. Foi a resposta. A luta continuou até mostrar o peixe, que com muito prazer partilho com vocês.


- Após a captura (no anzol com o camarão), foi arrumar o estojo e iniciar o regresso ao porto, fazendo algumas reflexões sobre os nossos comportamentos na acção de pesca, a persistência, o mudar ou não de pesqueiro, as maneiras de pescar, enfim... o resumo da jornada.
- "Abandonámos" a companhia do Ernesto por volta 16h00 para iniciar o regresso a Évora, não sem antes tirar a foto do resumo da jornada que apresento.


- No regresso iniciei a resolução de outro problema. O Pargo acima apresentado tinha 4,200Kg e tinha que ser devidamente arranjado antes de ser degustado. Então foi assim:

1º Cortar as barbatanas - Com uma tesoura de cozinha e as mais fortes com uma tesoura de podar.

2º Escamar - Com o escamador normal, as escamas saiem bem, são grandes e o peixe estava fresco.

3º Tirar as tripas e guelras - Com uma navalha e faca bem afiadas o processo decorreu de forma trabalhosa mas dentro do esperado. Após a lavagem com uma mangueira no quintal, devidamente limpo no interior e no exterior, aproximava-se a parte mais difícil; Cortar o peixe.

4º Seguindo uma sugestão do amigo Ernesto ( Habituadíssimo a estas lides), com uma faca alta e bem afiada, fazendo umas incisões no sitio que se quer cortar, depois encostar a faca na espinha central e com um martelo de borracha bater com força na faca (convem ser em cima de uma tabua forte (no meu caso, foi uma tabua alta de madeira de freixo) porque se fizerem esta operação em cima de uma mesa, podem danificar a mesa). Olha!!!.... as postas ficaram exactamente como eu queria.

A da cabeça (com gola) foi logo para o jantar em família, acompanhada de legumes cozidos, branco fresquinho e alguma vontade. Não demos à conta. As restantes foram refrescar ideias, esperando a sua vez de serem trabalhadas para presentearem outros comensais ou os mesmos! Quem sabe.

Até à próxima
Boas pescas.